Tutores que adotaram pets com deficiência explicam rotina de cuidados: 'Todos merecem uma chance'
01/05/2025
(Foto: Reprodução) Atena e Dora são cadelas paraplégicas de Salto de Pirapora (SP) que, segundo as tutoras, fazem de tudo e mais um pouco. Abrigos de Sorocaba (SP) têm dezenas de animais com deficiência precisando de um lar. Atena foi adotada sem conseguir andar, em Salto de Pirapora (SP)
Camila Alexia Da Silva/Arquivo pessoal
Em alguns casos, o pet que é considerado o melhor amigo do homem anda com duas patas aos invés de quatro, exigindo uma atenção duplicada. Em Salto de Pirapora, no interior de São Paulo, Atena e Dora, duas cadelas paraplégicas, são verdadeiros exemplos de superação e qualidade de vida. Não apenas delas, mas de suas tutoras também.
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Camila Alexia da Silva tem 28 anos e, há cinco, ganhou o título de "mãe de pet com deficiência", após encontrar Atena debilitada e prestes a ser submetida à eutanásia. Atualmente, apesar de precisar de fraldas e uma cadeira de rodas para correr, a cadela tem muita energia e adora brincar.
"Eu adotei a Atena já sem andar. Eu não sei dizer o que aconteceu com ela, porque ela já chegou na clínica que eu trabalhava sem andar e iam fazer eutanásia nela. Foi aí, no primeiro momento que a vi, eu já quis adotá-la", contou a tutora.
Atena, de Salto de Pirapora (SP), precisa da ajuda de uma cadeira de rodas para conseguir correr
Camila da Silva/Arquivo pessoal
Camila mora com o marido e tem outros três cães, mas Atena, segundo ela, é a mais mimada e ciumenta entre eles. A cadela aprendeu a andar com as duas patas quatro meses depois de ser adotada e passou a correr depois que o casal conseguiu uma cadeira de rodas adaptada especificamente para ela, com apoio de uma ONG da cidade, o Instituto Adimax.
A história de superação da cachorrinha chamou a atenção da região, fazendo com que ela fosse convidada até a participar de publicidades, desfiles e eventos. Veja o vídeo de Atena abaixo.
"Ela faz tudo, remédio ela toma só se ficar doente, o que, graças a Deus, é raro. O que mais tem gasto são as fraldas, que nós que compramos. A cadeira de rodas mudou muito a forma de ela viver. Fazemos passeios na praça de eventos no fim de semana e ela não para de brincar e correr", acrescentou Camila.
Camila da Silva é tutora de Atena, cadela paraplégica de Salto de Pirapora (SP)
Camila da Silva/Arquivo pessoal
Para Camila, a história de Atena serve de exemplo para que mais pessoas se sensibilizem e adotem pets com deficiências. Afinal, eles também precisam de lares.
"Escolhi ela pelo fato de que ainda tinha vida ali e eu amo os animais. Todos merecem uma chance de viver uma vida de amor e cuidado."
Cadela consegue correr usando cadeira de rodas feita para pets em Salto de Pirapora
'Pet muito intensa e amorosa'
Também de Salto de Pirapora, outra cachorrinha mudou a rotina de uma família para sempre. Dora veio do Paraná para o interior do estado com 30 dias de vida. Ela teria outro tutor, mas, devido a problemas pessoais, a irmã dela acabou a adotando.
Clelia de Almeida tem 43 anos e, além de técnica de enfermagem, também é "mamãe pet". Ao g1, a tutora conta que Dora costumava andar normalmente até que, um dia, sofreu uma lesão e acabou ficando paralisada, sentindo muita dor. A causa da paralisia não foi diagnosticada até os dias atuais.
Cadela Dora, de Salto de Pirapora (SP), precisa de cadeira de rodas para se locomover
Clelia de Almeida/Arquivo pessoal
"Ela sempre foi uma cachorra muito esperta, amava correr pelo quintal com as outras cachorras, até que ela ficou paralisada. Levamos para o veterinário, pois a dor era intensa, não podia nem colocar a mão nela. Até hoje não sabemos a causa dessa lesão, pois ela era saudável. Então, iniciamos a acupuntura, que ajudou muito em relação à dor, e aí foi uma luta constante, pois veio uma infecção urinária em que ela segue em tratamento até hoje", relatou Clelia.
A tutora ainda contou que, depois do ocorrido, a família enfrentou dificuldades para cuidar de Dora, pois ela exigia muito mais atenção e também sofria constantemente com dores.
"Chorei muito por ver a situação em que ela se encontrava, foi muita luta até encontrar um remédio para dor, controlar a infecção, ela até ficou internada e, como me considero uma mãe, dói muito ver uma filha sofrendo", explicou.
Clelia de Almeida é tutora de Dora, que conseguiu uma nova cadeira de rodas em Salto de Pirapora (SP)
Clelia de Almeida/Arquivo pessoal
Dora é descrita pela dona como uma pet muito intensa e amorosa, que adora brincar com bolinhas e pedir abraços e beijos, porém, os cuidados diários com ela incluem uso de fraldas, limpeza com lenços umedecidos, uso de repelentes, protetor solar, talco, pomadas de assadura e também o uso de meias nas patas traseiras para evitar machucados.
"A Dora faz todas as atividades, o que ela não consegue é subir escadas. Ela nos ensinou que, mesmo com sua deficiência, ela é feliz. Tem um amor incondicional por sua vida. Em casa, somos eu, minha irmã e nossa bebê Dora. Hoje em dia, não temos outros pets, pois a atenção é voltada para ela, além dos gastos, que são muito altos", acrescentou Clelia.
Atualmente, Dora não enfrenta dificuldades no dia a dia. Ela passou por adaptação com fisioterapia e anda por toda a casa, sempre com "seu jeitinho, pulando igual canguru", como explicou a tutora. Ela também vai conseguir uma nova cadeira de rodas, feita sob medida, com auxílio do programa da ONG Instituto Adimax.
Dora é uma cadela paraplégica de Salto de Pirapora (SP)
Clelia de Almeida/Arquivo pessoal
Auxílio de ONG
O Instituto Adimax, que presta asistência às famílias de Atena e Dora, é uma organização sem fins lucrativos com sede em Salto de Pirapora, que promove a inclusão social e o bem-estar animal, além de também amparar idosos em situação vulnerável, pessoas e animais com outras deficiências.
As ações da ONG alcançam diferentes públicos, desde instituições que acompanham cães e gatos em situação de abandono a hospitais e casas de respouso. Além disso, a entidade treina cães-guia para pessoas com deficiência visual e cães de assistência para crianças autistas.
O programa em que Atena e Dora estão inscritas é o Fórmula do Bem, que foi lançado pelo instituto para promover uma campanha de luta contra o abandono de animais com deficiência.
O instituto explicou que a iniciativa envolve a participação voluntária de representantes comerciais. São eles que identificam as famílias que têm animais com deficiência e visitam os tutores. Essas famílias, em sua grande maioria, são de baixa renda ou têm dificuldade em arcar com os custos de um animal com deficiência.
Gata Malu, de Iguatemi (PR), é uma das assistidas pelo programa Fórmula do Bem, do Instituto Adimax, com sede em Salto de Pirapora (SP)
Reprodução/Instituto Adimax
Pets com deficiência também precisam de um lar
A Secretaria do Meio Ambiente, Proteção e Bem-Estar Animal (Sema) de Sorocaba (SP) informou que, atualmente, 25 animais com deficiência estão disponíveis para adoção no Canil Municipal, sendo 20 cães e cinco gatos. Veja fotos e nomes de alguns deles abaixo.
Os interessados em adotar os animais devem comparecer ao Canil Municipal, localizado na Rua Rosa Maria de Oliveira, nº 345, no Jardim Zulmira, de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h. Também é necessário apresentar um documento com foto e comprovante de endereço.
Mais informações podem ser obtidas pelo telefone: (15) 3202-8006 ou pelo WhatsApp: (15) 99104-4258.
FOTOS: veja pets para adoção na região de Sorocaba
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