Trem Intercidades: projeto muda local do ponto final em SP e prevê novo hub de mobilidade na Estação Água Branca; veja como vai ficar
23/05/2025
(Foto: Reprodução) Planejamento de implantação previa que a viagem chegaria a capital pela Estação da Barra Funda. Novo modal estará em operação em 2031, segundo a concessionária. Veja como vai ficar a Estação Água Branca após reforma para receber o Trem Intercidades
O Trem Intercidades (TIC), que vai ligar Campinas (SP) a São Paulo em uma locomotiva sobre trilhos com velocidade de até 140 km/h, terá a Estação Água Branca como o ponto final na capital.
A decisão é uma mudança significativa no projeto, que, desde o início do planejamento de implantação do novo modal, previa que a viagem, de 64 minutos, chegaria a SP pela Estação da Barra Funda.
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De acordo com a concessionária TIC Trens, com a mudança, será implantado um novo "hub de mobilidade" na Estação Água Branca, que atualmente pertence à linha 7-Rubi, ramal privatizado da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Com previsão de início da primeira fase de obras em 2026, o local será ampliado e modernizado para abrigar pelo menos sete modais de transporte diferentes. Veja no vídeo acima como vai ficar.
A ampliação da estação e a transferência do ponto final do Trem Intercidades da Barra Funda para a Água Branca foi definida em reunião do Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP), em março, quando o projeto foi aprovado.
Em nota, a Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI) informou ao g1 que "a alteração da estação final do TIC Campinas foi para facilitar e ampliar a integração com outros modais".
Trem Intercidades: veja detalhes do projeto
Como vai ficar?
A TIC Trens afirmou que a reforma, no valor de R$ 1,3 bilhão, será dividida em fases e o projeto prevê ampliação nas plataformas de embarque, criação de acessos em nível, mezanino, novas bilheterias, nova sala de supervisão operacional e modernização do edifício. Confira quais linhas serão instaladas no local:
🚄 Linha 7-Rubi (CPTM);
🚄 Linha 8-Diamante (CPTM);
🚄 Linha 9-Esmeralda (CPTM);
🚄 Linha 3-Vermelha (Metrô)
🚄 Linha 6-Laranja (Metrô)
🚄 Trem Intercidades Eixo Norte (Campinas)
🚄 Trem Intercidades Eixo Oeste (Sorocaba)
Trem Intercidades
O novo diretor-presidente da TIC Trens, Pedro Moro, garantiu ao g1 na última semana que as obras do Trem Intercidades vão começar em maio de 2026 e reiterou que o modal estará em operação em maio de 2031. Além disso, ele detalhou o projeto, a fase de "pré-construção" e apontou o que considera os principais desafios da implantação, como desapropriações que serão realizadas e a readequação do transporte de cargas. Leia aqui a entrevista.
"A gente já fez o primeiro pedido de DUP (Declaração de Utilidade Pública) para as desapropriações junto ao governo federal. Esse vai ser um dos nossos maiores desafios porque a negociação é com órgãos distintos, áreas que precisam ser regularizadas com o governo para que a gente possa fazer a obra. Então, acredito que seja a parte mais complexa, mas a gente está cumprindo o cronograma e alinhando toda a documentação para facilitar os processos", disse Moro.
Além do serviço expresso do Trem Intercidades, que ligará a Estação Água Branca ao Pátio Ferroviário de Campinas, será implantado o Trem Intermetropolitano, com paradas em Louveira (SP), Vinhedo (SP) e Valinhos (SP).
O mesmo contrato de concessão ainda prevê a implantação da linha 7-Rubi, que liga a Barra Funda, em São Paulo, a Jundiaí. O investimento total do projeto é de R$ 14 bilhões.
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Readequação do transporte de cargas
Além das desapropriações, Pedro Moro também entende como um dos grandes desafios da implantação do Trem Intercidades a readequação do transporte de cargas, considerando que, em alguns trechos da linha férrea onde o modal vai passar, atualmente há o fluxo de locomotivas com mercadorias.
A missão da concessionária será, então, segundo o diretor presidente, fazer a transposição do trecho onde passa o trem de carga para fora da estação, deixando a linha exclusivamente para o transporte de passageiros.
"A nossa intenção é que não se tenha mais a convivência entre o transporte de cargas e o de passageiros. Então será um desafio também de como passar essa linha de carga por fora. De Jundiaí até Campinas a linha férrea é usada atualmente pelo transporte da carga, então a gente vai precisar remanejar isso", explicou.
Modelo de trem da CRRC, empresa chinesa que compõe o consórcio vencedor do leilão do Trem Intercidades
CRRC
Em que fase está o projeto atualmente?
A concessionária trabalha, até começar efetivamente a obra, no processo de "pré-construção", o qual Pedro Moro considera que tem três diretrizes principais:
Elaboração de todos os projetos executivos de obra, estações, sistemas, energia, etc.
Obtenção das licenças ambientais
Desapropriações
Funcionamento dos trens e preços
Trem Intercidades (São Paulo - Campinas)
Trajeto: Água Branca - Campinas
Tempo de trajeto: 1 hora e 4 minutos
Velocidade do trem: até 140 km/h
Capacidade: 860 passageiros por viagem
Preço da passagem (previsão): R$ 64,00
Trem Intermetropolitano (Jundiaí - Campinas)
Trajeto: Jundiaí - Campinas
Tempo de trajeto: 33 minutos
Velocidade do trem: entre 44 km/h e 80 km/h (média)
Capacidade: 2.048 passageiros por viagem
Preço da passagem (previsão): R$ 14,05
Assinatura do contrato
Governador de São Paulo autoriza assinatura de contrato do Trem intercidades
Em evento em maio de 2024, em Campinas, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) assinou a autorização para a assinatura de contrato. A cerimônia contou com a presença de representantes do consórcio C2 Mobilidade sobre Trilhos, vencedor do leilão, composto por:
CRRC Hong Kong: empresa chinesa construtora de trens que tem 40% do consórcio.
Comporte: grupo brasileiro, pertencente à família Constantino, que administra empresas de ônibus, o metrô de Belo Horizonte (MG) e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da baixada santista. A holding tem 60% do consórcio.
A TIC Trens é a empresa formada pelas duas empresas que foram o consórcio. Ou seja, é a pessoa jurídica que responde pelo projeto. O consórcio foi o único a apresentar proposta e ser declarado vencedor do leilão.
Histórico do projeto
O Trem Intercidades é discutido pelo governo de São Paulo pelo menos desde 2013, quando foi anunciado para 2014 o prazo para publicação do edital que previa uma Parceria Pública Privada (PPP) para ligar a capital tanto ao interior quando à Baixada Santista.
À época, a proposta previa 430 km de extensão, com início por Campinas, mas teria dois eixos, um indo de Americana até o litoral, e outro entre Sorocaba e Taubaté. O projeto chegou a ser usado, em 2014, como promessa em campanha de reeleição de Geraldo Alckmin ao governo do estado.
Quatro anos depois, o então candidato ao governo de São Paulo, João Doria, garantiu que iria, se eleito, tocar o projeto do antecessor, ainda com previsão de ligação entre Americana e a capital, em uma PPP sem uso de dinheiro público na implantação.
A discussão pelo Trem Intercidades ganhou um novo desdobramento quando, em dezembro de 2018, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) defendeu o prolongamento do sistema até Limeira (SP), por entender que o trecho poderia acrescentar um movimento maior ao transporte por trilhos.
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Em 2019, Tarcísio de Freitas, quando ainda era ministro da Infraestrutura, disse em audiência na Comissão de Transportes da Câmara dos Deputados que o governo federal pretendia atrelar a implantação do trem intercidades, ainda previsto para chegar até Americana (SP), à renovação da concessão das linhas férreas, sob responsabilidade das empresas de carga.
É em 2019 que é dado início a sondagem de mercado do projeto, tendo sido realizadas audiência e consulta pública no ano de 2021, e depois uma sondagem de mercado pública em setembro do mesmo ano.
Em 2022, sob a gestão do governador Rodrigo Garcia, o projeto do TIC Eixo Norte, que já previa a ligação que vai a leilão atualmente, entre Campinas e São Paulo, ganhou uma nova etapa com a assinatura de convênio com prefeituras por onde o trem rápido virá a percorrer.
O Trem Intercidades Eixo Norte (TIC) foi incluído no Programa de Parceria e Investimentos do governo paulista em fevereiro de 2023, e a expectativa era de que o leilão fosse realizado em novembro do mesmo ano, mas uma atualização do edital, com revisão do valor de investimento e com mudanças para ficar “mais atrativo” aos interessados, culminou com a marcação da sessão pública para 29 de fevereiro de 2024.
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