Reconhecimento facial: entenda e saiba como evitar golpe que fez idoso de Limeira ter prejuízo de R$ 35 mil
13/07/2025
(Foto: Reprodução) Golpistas pediram foto sob pretexto de entregar cesta básica; imagem foi usada para fazer empréstimos. Especialista alertou para não tirar fotos nem fazer reconhecimento facial a pedido de desconhecidos. Golpistas pediam reconhecimento facial
Reprodução / RBS TV
Um idoso de 69 anos teve prejuízo de R$ 35 mil após cair no golpe que usa reconhecimento facial. O caso foi em outubro de 2024, em Limeira (SP). Mas a sentença, que indenizou a vítima, saiu na última terça-feira (8). Saiba mais abaixo.
O golpe
Em outubro de 2024, o aposentado foi abordado por duas mulheres que se passaram por assistentes sociais. Elas alegaram que ele havia sido selecionado para receber uma cesta básica mensal e que, para ter o “benefício”, ele teria que tirar uma foto e fornecer o número de telefone, supostamente para confecção de uma carteirinha
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No entanto, a foto tirada pelas falsas assistentes sociais era, na verdade, o reconhecimento facial do idoso - tecnologia digital muito utilizada por instituições para identificar e autorizar clientes a fazerem empréstimos, transações e outras atividades financeiras.
No dia seguinte, as golpistas levaram uma cesta básica ao idoso, que percebeu ter caído em um golpe dois meses depois, quando verificou o extrato bancário.
Prejuízo
Com o reconhecimento facial, os golpistas fizeram empréstimos e antecipação de 13° em nome do idoso, somando mais de R$ 35 mil. O valor foi creditado na conta da vítima, mas transferido via PIX para desconhecidos. De acordo com o processo judicial do caso, o idoso utilizava a conta para recebimento de aposentadoria.
Pessoa segura extrato bancário
Valdinei Malaguti/EPTV
Como evitar o golpe
Muitas vezes, o golpista pode estar uniformizado e com falsos crachás. Então, para evitar esse golpe é preciso desconfiar e não tirar fotos ou fazer reconhecimento facial a pedido de desconhecidos, afirmou o advogado especialista em crimes digitais Flávio Silizzoola D’Urso.
“Fornecer o seu rosto simplesmente para ganhar uma cesta básica tem que ser algo que deve gerar uma desconfiança e você não deve aceitar fazer esse reconhecimento facial, nem mesmo uma foto. Eles [golpistas] usam, muitas vezes, a desculpa de que tem que provar a entrega do item para mostrar que os assistentes sociais não ficaram com a cesta básica, mas a pessoa tem que se recusar”, afirma Flávio.
Além desse, o especialista citou o aumento do golpe do falso advogado, em que os criminosos têm acesso aos dados processuais, passam por advogados das vítimas e pedem pagamentos de honorários.
Como nascem os golpes digitais
Segundo o advogado, os golpes digitais são resultados, na maioria das vezes, de vazamentos de dados e acesso às informações pessoais disponíveis em redes sociais.
“Os vazamentos de dados ocorrem de todo lugar. É um problema muito grave que nós temos no Brasil [...] e os criminosos têm muitas informações sobre suas vítimas. Verificamos casos em que os golpistas chamavam a vítima pelo nome, sabiam de doenças pré-existentes, de condições de saúde, e isso facilita muito para ganhar aquela confiança necessária para aplicar o golpe”, afirma o advogado Flávio.
Características
O advogado informou que há características comuns nos golpes digitais:
O golpista tem muitas informações sobre a vítima, como nome, endereço, condições financeiras, de saúde, foto, relações familiares e outras;
O golpista visa passar segurança com base nas informações pessoais da vítima, seja como representante de alguma empresa ou órgão público ou se passando por alguma pessoa conhecida da vítima;
O golpista é rápido e dinâmico.
“O golpista sempre está com pressa, ele quer que a vítima faça tudo rapidamente para que não haja a oportunidade de refletir de uma forma mais adequada, para que não haja a oportunidade de conversar com alguém que possa trazer essa preocupação de ser um golpe”, explica Flávio. “A vacina mais eficaz contra os golpes digitais é a informação”, complementa.
O que fazer ao cair em um golpe digital
Realizar boletim de ocorrência
Informar o banco ou financeira que foi vítima de um golpe
Em casos de golpes envolvendo o PIX, uma das orientações é solicitar, imediatamente, o Mecanismo Especial de Devolução (MED) - ferramenta que facilita a tentativa de recuperação do dinheiro em casos de fraude, golpe ou crime. A solicitação é feita diretamente na instituição financeira.
No caso do fracasso da devolução, é possível entrar com um processo judicial. Foi o que fez o idoso de Limeira.
Idoso mexe em celular
Congerdesign para Pixabay
Condenação
A Justiça de Limeira condenou o banco restituir valores e pagar uma indenização por danos morais ao idoso. A sentença reconheceu que houve falha na prestação de serviço da instituição financeira e determinou o pagamento de R$ 10 mil por danos morais, além da devolução dos valores descontados indevidamente do benefício previdenciário da vítima.
No processo, o banco alegou que a culpa foi exclusiva da vítima por fornecer os dados e permitir a fotografia. Disse também que divulga dicas de segurança no site.
A afirmação do banco foi rejeitada pelo juiz Paulo Henrique Stahlberg Natal, que apontou que a instituição falhou ao não impedir transações suspeitas, como múltiplos empréstimos e transferências feitas em curto intervalo de tempo – fatores que fugiam do costume do aposentado. Além disso, disse que a fraude está dentro do risco inerente à atividade bancária.
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