Policial suspeito de envolvimento em assassinato de estudante trans bancava o namorado dela: 'Oportunista', diz delegado
16/07/2025
(Foto: Reprodução) Caso Carmen: bombeiros concentram buscas perto da casa do namorado da estudante
O policial ambiental da reserva, Roberto Carlos de Oliveira, preso por suspeita de estar envolvido no assassinato da estudante trans Carmen de Oliveira Alves, de 26 anos, que desapareceu há mais de um mês em Ilha Solteira (SP) bancava o namorado dela, apontado pela polícia como principal executor do crime.
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A investigação indicou que o namorado, Marcos Yuri Amorim, e o policial militar assassinaram Carmen no dia 12 de junho, Dia dos Namorados. Roberto Carlos, que atuou como comparsa, foi apontado como amante de Yuri em um “triângulo amoroso”.
Conforme apurado pelo g1, a ocorrência, que foi inicialmente tratada como desaparecimento de pessoa, é investigada como feminicídio (entenda a lei). Até o início da tarde desta quarta-feira (16), a polícia não havia localizado o corpo de Carmen.
Ao g1, o delegado responsável pela investigação, Miguel Rocha, informou que Yuri namorava Carmen e se relacionava com Roberto, que o sustentava, uma vez que tinha acabado de receber uma herança devido a morte do pai, além da aposentadoria como tenente. O valor da herança não foi informado.
“Ele comprou um celular para o Yuri novinho, eles tinham gado e criavam galinhas juntos e várias despesas do sítio eram bancadas por Roberto. Yuri era oportunista, sim. Viviam juntos e algumas despesas eram pagas por Roberto”, revelou o delegado.
Carmen de Oliveira Alves )à esquerda), o namorado Marcos Yuri Amorim (ao centro) e o policial militar Roberto Carlos de Oliveira, suspeitos de crime em Ilha Solteira (SP)
Reprodução/Facebook
A dupla foi ouvida e negou o crime, conforme o delegado. Ao g1, o advogado de defesa de Roberto, Miguel Micas, informou que ele provará ser inocente da acusação. A reportagem ainda tenta o contato da defesa de Yuri.
Os homens foram presos temporariamente, por 30 dias, no dia 10 de julho. Yuri foi levado para a Cadeia Pública em Penápolis (SP) e Roberto Carlos para o presídio Romão Gomes, em São Paulo (SP).
A jovem era aluna do curso de zootecnia na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Em nota, a instituição informou que manifesta a preocupação com o desaparecimento de Carmen e têm colaborado com as investigações realizadas pelos órgãos competentes, bem como dado apoio e prestado solidariedade à família e aos amigos no acompanhamento dos desdobramentos do caso.
Marcos Yuri Amorim, namorado da vítima (à esquerda) e o policial militar ambiental da reserva, Roberto Carlos de Oliveira (à direita) foram presos em Ilha Solteira (SP)
Arquivo pessoal
Veja abaixo os detalhes da investigação
Sigilo telefônico e câmeras de segurança
Para chegar aos dois suspeitos, o delegado pediu à Justiça a quebra de sigilo telefônico dos três (incluindo o da vítima) e teve acesso a informações que indicavam que Carmen não havia saído de Ilha Solteira após o desaparecimento.
O rastreamento apontou que o último lugar em que a universitária esteve foi a casa do namorado, em um assentamento. Os policiais encontraram imagens de câmera de segurança que também mostram que ela saiu da Unesp e entrou na residência do namorado, mas não saiu do local.
Conforme o delegado, a investigação apontou que os suspeitos mataram Carmen e ocultaram o corpo.
Mulher transexual desaparece após sair da faculdade em Ilha Solteira (SP)
Arquivo pessoal
Triângulo amoroso
Durante a investigação, a polícia descobriu que Yuri não teria agido sozinho: ele tinha como comparsa Roberto Carlos. A polícia informou que os dois tinham um relacionamento entre eles. De acordo com o delegado responsável pela investigação, o envolvimento afetivo e financeiro entre os suspeitos se revelou parte da dinâmica.
O delegado ainda apontou que Carmen pressionou Yuri para que assumisse o relacionamento, além de ter descoberto que ele praticava furtos, o que teria motivado o assassinato.
No levantamento, a polícia encontrou uma pasta deletada exatamente no dia 12 de junho no computador de Carmen. Ao recuperar a pasta, os policiais verificaram que se tratava de um dossiê que ela montou contra Yuri.
Carmen de Oliveira, estudante transexual, desapareceu após sair da faculdade em Ilha Solteira (SP)
Reprodução/Facebook
Desaparecimento
Conforme a mãe relatou à polícia, um dia antes do sumiço, no dia 11 de junho, por volta das 23h, a jovem saiu de casa com uma bicicleta elétrica de cor preta. A bicicleta dela não foi localizada. Familiares ainda afirmaram que Carmen nunca havia desaparecido antes.
Após o ocorrido, familiares e amigos auxiliaram os policiais nas buscas e fizeram várias manifestações pedindo respostas para o caso.
Entre os locais vasculhados estava a região próxima ao rio da cidade, onde o sinal do celular de Carmen foi captado pela última vez.
Também foram realizadas buscas em uma área de mata próxima à universidade, onde foram encontradas marcas de pneus compatíveis com os da bicicleta elétrica que ela usava no momento do desaparecimento.
Delegacia de Ilha Solteira (SP)
Felipe Nunes/TV TEM
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