Moradores relatam aumento de usuários de droga em Paraisópolis após esvaziamento da Cracolândia
17/06/2025
(Foto: Reprodução) Prefeitura de São Paulo disse que equipes sociais fizeram 117 abordagens e 39 encaminhamentos para serviços de saúde e assistência social em maio nessa região. Moradores relatam aumento de usuários em Paraisópolis
Uma nova concentração de usuários de droga tem chamado a atenção de moradores e trabalhadores da favela de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, um mês após o esvaziamento da Cracolândia no Centro da capital.
Em um conjunto de cerca de 15 barracos recém-construídos, usuários montaram um acampamento improvisado, segundo relato de moradores da comunidade.
“Frustração, mulher, separação, desgosto”, respondeu um dos usuários ao ser questionado sobre o que o levou ao vício. Ele confirmou que o local é conhecido como a “Cracolândia de Paraisópolis”.
Outro usuário, que não quis se identificar, contou à TV Globo que luta contra o vício desde os 13 anos. Ele também disse que o número de dependentes aumentou nos últimos tempos e relacionou o crescimento à dispersão da Cracolândia no Centro. “Muitos voltaram pra sua quebrada de origem, então tinha muitos daqui lá também”, afirmou.
A presença dos barracos preocupa quem trabalha na região. Em uma obra ao lado, operários notaram o aumento de circulação. “Tem mais gente andando sim, com certeza”, disse o encarregado Roberto Carmo. Ele relatou que já houve pequenos furtos de ferramentas, como enxada e pá, mas afirmou que nunca teve problemas diretos com os usuários.
Moradores relatam aumento de usuários em Paraisópolis
Reprodução/TV Globo
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Apesar de o acampamento estar no meio da comunidade, os dependentes costumam usar a droga em locais isolados. Os becos são separados e os usuários evitam acender cachimbos perto de outras pessoas. Ainda assim, há relatos de que eles circulam por toda a favela.
Um vídeo gravado há cerca de duas semanas mostra um deles invadindo uma casa e levando objetos. O motoboy Vanderlei Silvestre disse que os usuários não controlam seus impulsos. “Se ele vê um capacete, ele vai pegar pra poder usar a droga dele, porque ele não responde mais por ele”, afirmou. “Se você esquecer um celular na moto, o cara vai pegar. E isso não tinha em Paraisópolis, nunca teve.”
A atendente de padaria Evelin Maiara Filadelfo relatou furtos semelhantes. “Estendi a roupa ontem, fui pegar pra sair, tinha sumido. Sumiu par de meia, sumiu moletom. Perguntei se alguém pegou, disseram que não, e as coisas simplesmente desapareceram do varal.”
Do outro lado do bairro, condomínios reforçaram a segurança. Segundo o subsíndico Felipe Alves, a mudança começou após a dispersão da cracolândia no centro.
“Muitos dos usuários acabaram indo pra várias regiões e aqui na Zona Sul não é diferente”, disse. Ele afirmou que o prédio passou a contratar vigilantes e rondas nas ruas por causa da insegurança. “Isso tem tirado muito a noite de sono dos moradores aqui da região.”
A Prefeitura de São Paulo disse que as equipes sociais fizeram 117 abordagens e 39 encaminhamentos para serviços de saúde e assistência social em maio nessa região. Também afirmou que a Guarda Civil Metropolitana intensificou o patrulhamento em Paraisópolis para coibir o tráfico de drogas e os outros crimes.
Já a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que na área que fica Paraisópolis teve uma queda de 30% nos roubos de janeiro a abril na comparação com o mesmo período do ano passado.
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