Caso do Porsche azul: Justiça de SP nega 7º pedido de liberdade para motorista do carro de luxo acusado por homicídio e lesão
13/03/2025
(Foto: Reprodução) TJ negou recurso da defesa de Fernando Sastre Filho. Empresário está preso há quase 1 ano por acidente que matou motorista de aplicativo e feriu amigo na Zona Leste. Desembargadores mantiveram prisão preventiva de réu, que aguarda julgamento. O empresário Fernando Sastre, que matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana
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O motorista do Porsche azul, acusado de beber e causar um acidente trânsito a mais de 100 km/h que deixou um homem morto e outro ferido, em 31 de março, na Zona Leste de São Paulo, será interrogado às 16h do dia 2 de agosto pela Justiça.
A Justiça de São Paulo negou nesta quinta-feira (12) o sétimo pedido de liberdade para o motorista do Porsche azul acusado de provocar o acidente que matou um homem e feriu gravemente outro em 2024. A informação foi confirmada pelo Tribunal de Justiça (TJ), por meio de sua assessoria de imprensa.
A 5ª Câmara Criminal do TJ negou o recurso da defesa de Fernando Sastre de Andrade Filho. Os advogados do empresário alegaram que o cliente está preso há quase um ano sem ainda ter sido julgado pelos crimes. E, que por esse motivo, poderia responder solto ao processo. Mas os três desembargadores negaram o pedido por unanimidade.
Desse modo, a Justiça manteve a decisão de manter Fernando preso preventivamente até o seu julgamento. A data do júri ainda não foi marcada.
O empresário é réu no processo no qual é acusado de homicídio qualificado por "perigo comum" (ter colocado a vida de outras pessoas em risco) cometido na modalidade de "dolo eventual" (por ter assumido o risco de matar o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana) e "lesão corporal gravíssima" (ao ferir seu amigo Marcus Vinicius Machado Rocha).
A Justiça aguardava os julgamentos dos recursos pendentes da defesa de Fernando nas instâncias superiores para poder marcar o júri popular do motorista do Porsche.
O empresário já foi pronunciado para ir a julgamento popular pelos crimes. O próprio Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, já havia mantido a prisão do motorista do Porsche em decisão de janeiro deste ano.
O acidente que Fernando provocou ocorreu em 31 de março de 2024. O Ministério Público (MP) acusa o empresário de beber e provocar um acidente trânsito a mais de 100 km/h na Avenida Salim Farah Maluf, na Zona Leste da capital. O limite para a via é de 50 km/h, mas laudo do Instituto de Criminalística (IC) indicou que o Porsche bateu na traseira do Renault Sandero de Ornaldo a 136 km/h.
'Prisão não é mais necessária', diz defesa
Motorista do Porsche azul diz que se machucou e que não bebeu e nem correu
Fernando chegou a negar à Justiça, durante audiência de instrução no ano passado, que tenha bebido ou guiado em alta velocidade. Testemunhas disseram o contrário: que ele ingeriu bebidas alcoólicas e correu com o Porsche até bater no outro veículo. O g1 teve acesso ao vídeo da audiência (veja acima).
“A prisão não é mais necessária e proporcional, pois se prolonga por praticamente um ano, estando superadas as questões inicialmente pontuadas, especialmente pela ausência de qualquer manifestação de constrangimento ou coação de qualquer testemunha”, pediam ao TJ os advogados Jonas Marzagão e Elizeu Neto, que defendem o empresário.
A defesa do réu ainda havia sugerido que, se a prisão fosse mantida, que poderia ser convertida em domiciliar, para que ele ficasse detido em casa. Ou que se apliquem medidas cautelares a fim de que seu cliente voltasse a trabalhar.
“Até mesmo pelo fato de que o requerente precisa trabalhar para pagar a indenização já fixada”, informaram os advogados sobre o fato de a Justiça ter obrigado Fernando a pagar dois salários mínimos por mês à família de Ornaldo.
Mas os pedidos da defesa do motorista do Porsche para responder ao crime em liberdade não foram aceitos pelo TJ.
Fernando está detido preventivamente desde 6 de maio. Atualmente aguarda na Penitenciária de Tremembé, no interior paulista, a data para ser julgado. A prisão preventiva não tem prazo, mas é, em tese, medida para manter alguém detido até que seja levado a julgamento.
Nova perícia no Porsche
Montagem - Traseira do Renault Sandero branco ficou destruída após ser atingida pelo Porsche azul
Rômulo D'Ávila/TV Globo
A defesa de Fernando também quer que a Justiça determine uma nova perícia oficial no Porsche para saber se ele apresentou algum problema mecânico momentos antes do acidente.
Parecer técnico particular contratado pelos advogados do empresário sugere que o carro de luxo possa ter apresentado uma falha nas rodas que impediu Fernando de frear o veículo a tempo de bater no Sandero de Ornaldo.
Um engenheiro contratado pela defesa alega no documento que a fabricante do Porsche descobriu em dezembro do ano passado um problema nos parafusos que prendem as rodas.
E que a empresa emitiu comunicado de recall aos donos do veículo, recomendando que o carro não fosse usado mais até que a falha fosse corrigida gratuitamente nas oficinas credenciadas. Sob a alegação de que isso poderia causar riscos sérios, como acidentes e até mortes.
Além disso, o parecer técnico da defesa de Fernando diz que tanto Ornaldo quanto Marcus não estavam usando cintos de segurança no momento do acidente. O que, segundo o documento, agravou os ferimentos que mataram o motorista de aplicativo e machucaram o amigo do empresário com gravidade.
"Diante da dúvida surgida com a nova informação trazida aos autos, determinando-se nova perícia que deverá abranger principalmente a questão da mundialmente reconhecida falha na fixação das rodas e, secundariamente, a falta de uso de cinto por parte de Marcus e Orlando”, informam os advogados de Fernando no processo do caso.
Motorista e amigo não usavam cintos
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Marcus, que é estudante de medicina, quebrou quatro costelas, ficou dez dias internado num hospital, onde foi operado para a retirada do baço e a colocação de drenos nos pulmões.
Fernando usava o cinto de segurança quando perdeu o controle do Porsche e atingiu o carro da vítima. Ele teria tido somente um corte no supercílio. Mas no interrogatório gravado pela Justiça alegou ter fraturado costelas e rosto no acidente.
Também voltou a dizer que não bebeu nem estava acima do limite de velocidade, alegando que o acidente ocorreu por uma "fatalidade". E que a voz pastosa em vídeo feito por seus amigos antes da batida foi "brincadeira".
Durante o interrogatório, o empresário falou ainda que achava estar dirigindo a cerca de 60 km/h. E que desviou de um veículo e de repente viu surgir o carro de Ornaldo. Não teria conseguido frear a tempo, batendo na traseira do carro do motorista de aplicativo.
Câmeras de segurança também gravaram o momento da batida. Peritos usaram essas imagens com um scanner laser 3D para fazer uma animação do acidente (veja vídeos nesta reportagem).
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